O Que Eram os Fariseus, Saduceus e Escribas?

Se você já leu os Evangelhos, provavelmente se deparou com esses nomes: fariseus, saduceus e escribas. Eles aparecem várias vezes, especialmente quando entram em confronto com Jesus. Mas afinal, quem eram esses grupos? Por que eles estavam sempre envolvidos em discussões religiosas? E o que podemos aprender com a forma como Jesus lidava com eles?

Neste artigo, vamos explorar de maneira clara quem eram os fariseus, saduceus e escribas no tempo de Jesus e por que eles desempenhavam um papel tão importante (e às vezes tão problemático) no cenário religioso daquela época.


Um tempo de religiosidade intensa

No século I, o povo de Israel vivia sob domínio do Império Romano, mas tinha liberdade para praticar sua religião. E dentro da religião judaica, surgiram grupos com diferentes interpretações da Lei de Moisés, cada um com sua visão do que era “viver de forma fiel a Deus”.

Foi nesse cenário que surgiram os fariseus, saduceus e escribas — três grupos que influenciavam não só a religião, mas também a política, a cultura e a forma como as pessoas enxergavam Deus.


1. Quem eram os fariseus?

Os fariseus eram o grupo mais popular e respeitado entre o povo judeu. O nome “fariseu” vem de uma palavra que significa “separado”. Eles eram muito rigorosos na obediência à Lei, e acreditavam que a santidade era alcançada por meio da observância detalhada das tradições e mandamentos.

Além da Lei escrita (a Torá), os fariseus seguiam também a tradição oral, que eram regras e interpretações passadas de geração em geração. O problema é que, com o tempo, essas tradições começaram a pesar mais do que o coração da Lei.

Jesus os confrontava não por seu zelo, mas porque eles ensinavam uma religião de aparência, e não de transformação interior. Em Mateus 23, Jesus os chama de “sepulcros caiados” — bonitos por fora, mas por dentro cheios de hipocrisia.

Mas vale lembrar que nem todo fariseu era contra Jesus. Nicodemos, por exemplo, era um fariseu que buscou entender os ensinamentos de Cristo e depois se tornou discípulo.

Resumo dos fariseus:

  • Valorizavam a Lei e as tradições orais
  • Eram influentes entre o povo
  • Defendiam a ressurreição e os anjos
  • Jesus os criticava pela hipocrisia e religiosidade vazia

2. Quem eram os saduceus?

Os saduceus eram bem diferentes dos fariseus. Eram um grupo mais elitizado, ligado à aristocracia e ao templo. Muitos sacerdotes vinham dessa linhagem. Eles eram mais liberais na interpretação da Lei — só aceitavam os cinco primeiros livros da Bíblia (o Pentateuco) como autoridade.

Por isso, eles não acreditavam na ressurreição, nem em anjos ou espíritos (Atos 23:8). Para eles, a fé estava muito mais ligada ao presente, ao sistema do templo, aos rituais e à influência política.

Por estarem mais próximos do poder romano, os saduceus também eram vistos com desconfiança por parte do povo. Eles queriam manter a ordem e, por isso, viam Jesus como uma ameaça.

Resumo dos saduceus:

  • Grupo de elite, com poder político e religioso
  • Ligados ao templo e aos sacerdotes
  • Rejeitavam a ressurreição e os anjos
  • Buscavam preservar o status com Roma

3. Quem eram os escribas?

Os escribas não formavam um grupo à parte como os fariseus ou saduceus. Eles eram especialistas na Lei, estudiosos que copiavam, interpretavam e ensinavam as Escrituras. Muitos escribas eram fariseus, mas nem todos.

Eles eram como os “teólogos” da época. As pessoas os consultavam para saber como aplicar a Lei na vida cotidiana. Mas, como Jesus apontou, muitos deles se preocupavam mais com regras do que com justiça, misericórdia e fé.

Jesus denunciava o orgulho dos escribas, que gostavam de títulos, de se sentar nos melhores lugares nas sinagogas e de serem admirados pelo povo, mas não viviam o que ensinavam.

Resumo dos escribas:

  • Eram especialistas da Lei
  • Muitos eram aliados dos fariseus
  • Admirados pelo conhecimento, mas criticados por Jesus pela hipocrisia
  • Tinham autoridade para interpretar e ensinar a Torá

E o que tudo isso tem a ver com a gente?

A forma como Jesus lidava com esses grupos ensina muito sobre o que Deus espera de nós. Ele não condenava o estudo da Lei, nem a busca pela obediência. Mas deixava claro que o relacionamento com Deus vai além das regras.

A crítica de Jesus era contra a religiosidade vazia, o orgulho espiritual e a aparência de santidade sem transformação verdadeira.

Hoje, o risco continua. Podemos nos tornar “fariseus modernos” quando focamos mais na aparência do que no coração. Podemos agir como saduceus, vivendo como se só essa vida importasse. Ou como escribas, conhecendo a Bíblia de cor, mas sem viver sua essência.


Que tipo de discípulo queremos ser?

Jesus nos chama para algo diferente: uma fé viva, sincera, prática e cheia de graça. Ele quer transformar o coração, e não só os hábitos externos. Que possamos aprender com os erros desses grupos e buscar uma vida espiritual que realmente reflita o amor de Cristo.

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