A história de Estêvão, registrada em Atos dos Apóstolos, capítulos 6 e 7, é uma das mais fortes da igreja primitiva. Ele não foi um dos doze discípulos originais de Jesus, mas foi um dos primeiros escolhidos para servir na igreja como diácono. Ainda assim, sua vida e morte impactaram a história cristã de forma profunda. Estêvão foi o primeiro mártir do cristianismo, e sua fidelidade até o fim continua a inspirar cristãos em todo o mundo.
Quem Era Estêvão?
Estêvão era um homem cheio de fé e do Espírito Santo (Atos 6:5). Ele foi escolhido junto com outros seis homens para ajudar no cuidado das viúvas da igreja, um serviço que exigia sabedoria, compaixão e integridade. Mesmo designado para tarefas práticas, Estêvão não deixou de pregar e fazer sinais e maravilhas entre o povo. Seu testemunho não se limitava às palavras — ele vivia o que pregava.
O texto diz que ele fazia “grandes prodígios e sinais entre o povo” (Atos 6:8). Isso causou incômodo entre os líderes religiosos, que não conseguiam refutar sua sabedoria. Com inveja, acusaram-no falsamente de blasfemar contra Moisés e contra Deus. Estêvão foi levado ao Sinédrio — o tribunal religioso — para ser julgado.
Um Discurso Corajoso e Profundo
Diante das autoridades, Estêvão fez um dos discursos mais completos da Bíblia, resumindo toda a história de Israel e mostrando como o povo de Deus, ao longo do tempo, rejeitou os profetas — e agora rejeitava o próprio Messias. Seu discurso não foi agressivo, mas contundente. Ele falou a verdade com coragem, mesmo sabendo das possíveis consequências.
Estêvão não usou a oportunidade para se defender pessoalmente. Ele usou o momento para exaltar a fidelidade de Deus e apontar para Jesus como o Justo que havia sido traído e assassinado. Essa ousadia provocou a fúria dos ouvintes.
A Visão do Céu Aberto
Enquanto o Sinédrio rangia os dentes contra ele, Estêvão levantou os olhos e teve uma visão: viu os céus abertos e Jesus em pé à direita de Deus. Isso é muito significativo. Normalmente, nas Escrituras, Jesus é descrito como sentado à direita do Pai. Mas nesse momento, Ele está de pé — como quem recebe e honra o Seu servo fiel.
Estêvão compartilhou essa visão, o que causou ainda mais indignação nos líderes religiosos. Eles taparam os ouvidos, gritaram e o arrastaram para fora da cidade. Ali, o apedrejaram até a morte.
A Última Oração de um Coração Perdoador
As últimas palavras de Estêvão foram de perdão e entrega: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito… Senhor, não lhes imputes este pecado” (Atos 7:59-60). Ele ecoou as palavras de Jesus na cruz. Mesmo sendo morto injustamente, sua atitude foi de amor e misericórdia.
Isso mostra o nível de maturidade espiritual que ele tinha. Ele não estava apenas repetindo uma doutrina — ele estava vivendo o Evangelho até o último suspiro. Sua morte não foi uma derrota, mas um testemunho de vida eterna.
O Impacto do Martírio
Um jovem chamado Saulo estava ali, consentindo com a morte de Estêvão. Esse mesmo Saulo, que mais tarde se tornaria o apóstolo Paulo, guardava as roupas daqueles que atiraram as pedras. Embora naquela hora ele estivesse do lado errado da história, o testemunho de Estêvão certamente marcou sua consciência.
O sangue de Estêvão foi uma semente. Após sua morte, iniciou-se uma grande perseguição à igreja, que levou os cristãos a se espalharem e levarem o Evangelho a novas regiões. Ou seja, sua fidelidade até o fim gerou frutos que abençoaram gerações.
Lições que Estêvão nos Deixa
- Serviço com Excelência: Mesmo em tarefas simples, Estêvão demonstrou caráter, fé e compromisso. Ele nos ensina que não existe função pequena no Reino de Deus.
- Coragem para Falar a Verdade: Mesmo sabendo que poderia custar sua vida, Estêvão falou com ousadia. Precisamos de cristãos assim hoje: que amam tanto a verdade que não a escondem por medo.
- Olhos no Céu, Coração na Terra: Sua visão do céu mostra que, mesmo em meio ao sofrimento, podemos enxergar a glória de Deus. Estêvão não se deixou dominar pelo ódio, mas manteve a esperança.
- Perdão como Legado: Ele perdoou seus assassinos. Isso não é natural, é sobrenatural. É fruto de uma vida cheia do Espírito.
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Uma Fidelidade que Nos Desafia
A História de Estêvão nos mostra que ele não viveu uma vida longa, mas viveu com intensidade e propósito. Ele nos mostra que o valor de uma vida não está nos anos vividos, mas em como vivemos. Sua história nos desafia a pensar: temos sido fiéis mesmo em meio à pressão? Temos coragem de falar a verdade com amor? Estamos dispostos a perdoar, mesmo quando somos injustiçados?
O exemplo de Estêvão continua ecoando. Ele foi o primeiro mártir, mas não o último. Ao longo da história, milhares deram a vida por causa da fé. E mesmo que não sejamos chamados a esse tipo de sacrifício, podemos viver com o mesmo coração: fiel até o fim.
Que nossa oração seja como a dele: “Senhor, recebe o meu espírito” — não apenas no fim da vida, mas em cada dia que entregamos nas mãos dEle.